Eles
começaram um negócio com R$ 1 mil e buscam o primeiro milhão - Jovens sócios da
empresa de alimentação saudável Lucco Fit começaram fazendo marmita na cozinha
de casa e agora inauguram a primeira loja.
São
Paulo – Tudo começou com uma vontade de empreender e trabalhar com o que se
gosta. O administrador Gustavo Brunello, 30 anos, trabalhava em uma
multinacional, enquanto o estudante de administração Daniel Luco, 26, fazia um
estágio na área. Eles haviam estudado no mesmo colégio, mas perdido contato até
que uma amiga em comum viu que ambos tinham o mesmo objetivo e interesses: ter
o próprio negócio e trabalhar com alimentação saudável.
O
negócio demorou poucos meses para se concretizar. Sem reservas financeiras, os
dois jovens resolveram iniciar, em maio de 2015, a venda das primeiras marmitas
com o dinheiro que tinham, já que observaram que o segmento começava a ser
explorado por outros empreendedores. Juntaram 500 reais cada um. “Vimos que ia demorar
muito para começar do jeito que a gente queria. Resolvemos arriscar: o dinheiro
deu para fazer um logo, comprar algumas embalagens e ingredientes”, diz
Gustavo.
A
produção das marmitas começou na cozinha do próprio Gustavo. Ambos gostavam de
cozinhar, mas não tinham nenhuma experiência em fazer comida de forma
profissional. “No começo erramos muito na quantidade de comida necessária.
Compramos 10 quilos de frango e acabamos com muito menos do que isso porque não
consideramos pontos como perda de líquido, por exemplo”.
Início
caseiro
A
Lucco Fit iniciou as vendas apenas para amigos e familiares. No começo as
marmitas eram feitas apenas aos finais de semana e entregues no mesmo dia ou no
dia seguinte, já que Gustavo continuava no seu emprego: Daniel já havia saído
do estágio para se dedicar ao negócio. “No começo tudo que ganhávamos
reinvestíamos. Até o meu salário eu usava”.
Depois
de dois meses, começaram também a produzir marmitas ao longo da semana.
“Contratamos uma cozinheira que agilizou muito o trabalho”. Logo investiram
também em marketing nas redes sociais e começaram a vender para amigos de
amigos até que decidiram alugar um espaço com cozinha e contratar mais
funcionários. “Com cinco meses criamos o site do negócio para suportar o
aumento de gastos. A partir disso as vendas aumentaram muito”.
Como
o negócio é novo, os sócios tiveram dificuldade de obter crédito no mercado.
“Fomos usando crédito pessoal para comprar equipamentos, de forma parcelada.
Hoje já temos 100 mil reais em equipamentos quitados, inclusive uma máquina
italiana de ultra congelamento, essencial para manter a qualidade dos
alimentos”.
Um
diferencial, conta Gustavo, foi contratar como freelancers dois profissionais
experientes para cuidar da propaganda nas redes sociais. “No início até
pagávamos com refeições. Mas depois fomos colocando metas para eles. Conforme
atingiam, aumentávamos o salário”.
Foi
necessário se reinventar
Quando
muitos empreendedores passaram a atuar no mesmo segmento, a virada do negócio
da Lucco Fit foi analisar quais eram, de fato, os clientes do negócio. “Os
pratos que mais saíam não eram os de dieta: pessoal pedia muito estrogonofe,
por exemplo. Então, em um trabalho feito nas redes sociais, descobrimos que
quem comprava as marmitas não era quem treinava nas academias: 80% eram
mulheres que queriam emagrecer ou simplesmente comer de forma saudável e não
tinham tempo de preparar a comida porque chegavam tarde do trabalho”.
Os
sócios então resolveram contratar uma agência para aprimorar o site e
reposicionar a marca. “Tínhamos um logo com um cara mostrando o muque. Era tudo
bem masculino. Demos um jeito de deixar a marca mais feminina”, conta Gustavo.
Mas o
que era para ser algo com impacto positivo para o negócio teve uma implicação
negativa: o novo site teve problemas de acesso. Resultado: o faturamento caiu
pela metade. “Foi um baque. Ficamos desesperados, mas aprendemos uma lição
importante: passamos a ser mais racionais nos gastos, e continuamos com esse
pensamento até hoje”.
De
tempos em tempos os sócios revisam os preços cobrados por fornecedores e
negociam para reduzir custos. “Buscamos ter um diferencial de preço em relação
a concorrentes, sem perder a qualidade”, diz Gustavo. Kits são mais vendidos do
que pratos individuais na Lucco Fit. “O que inclui quatro refeições por dia
durante um mês (café da manhã, almoço, lanche e jantar) custa 900 reais”.
Neste
aprendizado, os sócios também decidiram tirar um salário fixo mensal, sem olhar
para quanto faturavam. “Não íamos tirar mais se o mês fosse bom. Além disso, em
momentos de aperto não tiramos nem esse valor fixo. Nós viramos com o que
tínhamos. O importante era o negócio ir para frente”, conta Gustavo.
Fonte: Exame Por Marília Almeida