Lojas comuns podem
virar franquias; veja marcas que fazem a conversão
Alessandra Carrero e o
marido Evandro Marcos Carrero trabalharam por dez anos para consolidar sua
empresa, a MR Cópias, em Jundiaí, a 58 km de São Paulo. Em busca de atualizar o
negócio, eles descobriram numa feira do setor gráfico como poderiam elevar o
status da empresa sem perder a clientela: convertendo-se em uma franquia.
Foi necessário fazer
investimentos iniciais, principalmente em adequações físicas. Mas, um ano
depois da assinatura do contrato com a Alphagrafics, e nove meses depois de
trocar de nome, a empresa já comemora os resultados. "Tivemos crescimento
de 25% a 30% no faturamento e ganhamos visibilidade no mercado", declara.
Algumas franquias já
oferecem a possibilidade de um serviço ou comércio próprio adotar a bandeira da
rede. Pequenos mercados, óticas, imobiliárias ou farmácias, por exemplo, podem
procurar o apoio de uma franqueadora para profissionalizar sua operação
independente. As taxas (franquia, publicidade, royalty) variam de acordo com a
marca e podem comer uma fatia do faturamento.
Segundo a empreendedora, as
oportunidades também se ampliaram após a conversão. "Grandes empresas
instaladas no polo industrial de Jundiaí já nos enxergam como potencial
fornecedor, pois sabem que podem encontrar uma unidade Alphagraphics em outros
lugares do mundo", declara.
Outros benefícios vieram
com a franquia, como certificações e aumento da produtividade. "Tivemos
que mudar processos para ficarmos alinhados ao modelo da franqueadora e também
para conseguirmos as certificações exigidas. Isso nos deu processos mais
estruturados e está nos ajudando a usar melhor a nossa capacidade
produtiva", diz.
Com a mudança, a gráfica
passou a contar com suporte e treinamentos constantes para os funcionários,
descontos de fornecedores que vendem em grande volume para a rede e incremento
tecnológico.
"Inicialmente, fiquei
com medo de trocar o nome do estabelecimento porque estou numa cidade do
interior e a primeira reação das pessoas é pensar que o negócio faliu ou mudou
de dono. Mas a transição foi feita devagar e cuidadosamente, então, nossos clientes
entenderam e gostaram da mudança", diz a empresária.
Mudança é arriscada, mas
pode ajudar a levantar negócio
Maria Teresa Somma,
consultora na área de expansão de negócios e autora do livro "Franquia ao
alcance de todos" (Editora Opus), diz que não apenas o empresário, mas
também os funcionários e os antigos clientes precisam se adaptar.
"Converter-se em
franquia é como fechar as portas e abrir um novo negócio. Há novos
investimentos, os produtos e os fornecedores podem mudar, portanto, é
fundamental informar funcionários e clientes sobre as novidades por meio de
ações de marketing", declara.
A consultora diz ainda que
a mudança para franquia também pode ajudar negócios que estão em baixa.
"Uma marca conhecida chama mais atenção. Fazendo um trabalho de marketing
correto é possível manter os clientes antigos e conquistar novos", afirma.
Franqueadoras têm critérios
diferentes para seleção dos estabelecimentos Rodrigo Abreu,
sócio-presidente da Alphagraphics, diz que o critério para a seleção de
estabelecimentos que podem ser transformados em franquias da rede leva em conta
a solidez do empresário na praça em que atua, seu nível de abertura em relação
às mudanças e modernizações do setor, seu atual parque de equipamentos e se a
região em que está instalado faz parte dos planos de expansão da franqueadora.
"Não queremos pessoas
que buscam solução para um negócio que vai mal, procuramos empreendedores que
possam acrescentar, trazer experiências", afirma. Por isso mesmo, é
importante que a conversão aconteça de maneira gradativa, para não espantar os
antigos clientes.
"O processo completo
de conversão leva de nove meses a um ano. Cerca de três meses antes de mudar a
bandeira, entramos em contato com todos os clientes e avisamos e explicamos a
transição, convidamos para a inauguração, enfim, procuramos inclui-lo no
processo", declara Abreu.
Rede de minimercados busca
candidatos em feiras
Felipe Pagotto, diretor de
franquias da rede de supermercados Dia, diz que o processo de captação de
franqueados funciona de várias formas. "O Dia busca candidatos por meio de
ações de marketing, como participação em feiras de franquias e em eventos
relacionados ao mercado varejista; anúncios e equipes de prospecção, mas o
interessado também pode entrar em contato conosco diretamente", afirma.
Segundo Pagotto, entre os
requisitos exigidos pela rede Dia estão gosto por trabalhar com o público,
grande capacidade administrativa e de pessoas, disponibilidade parta manter-se
à frente do negócio por longos períodos.
Todas as franqueadoras
fazem uma análise do perfil do candidato, para avaliar se ele se encaixa na
cultura da empresa. Isso ajuda a evitar problemas de adaptação aos métodos e
processos de gestão da franquia. Esses problemas têm ainda mais possibilidades
de acontecer com o empreendedor que já estava acostumado a gerenciar com
métodos próprios.
Fonte: Larissa Coldibeli Do UOL, em São Paulo