ESCOLHO NEGÓCIOS PELO
POTENCIAL DE RETORNO, DIZ MULTIFRANQUEADO
Yaron Goldman, dono
de 35 franquias de alimentação, baseia-se nos números de uma unidade e no plano
de expansão da marca para se decidir pelo investimento.
Yaron Goldman, 42 anos, começou na franchising como
funcionário, trabalhando em uma unidade da lanchonete McAlister’s Deli para
pagar a faculdade. Hoje, tem 35 restaurantes, não só da McAlister’s mas também
da MOD Pizza. Em breve, vai começar a abrir unidades da Fuzzy’s Taco Shop, de
comida mexicana.
O multifranqueado, que está baseado na cidade de Charlotte,
na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, conta abaixo por que decidiu ter
várias unidades de franquia e como escolhe as marcas para investir.
Por que se tornou
multifranqueado?
Eu comprei minha primeira
franquia da McAlister’s Deli em 1998, quando tinha 22 anos. Quando vi que era
possível escalar a operação, pegar o template de uma unidade e repeti-lo várias
vezes, decidi comprar a segunda unidade. Isso foi em 1999. Dali em diante, pensei:
“isso pode virar um grande negócio”.
Que tipo de infraestrutura você
teve de desenvolver para cuidar das suas lojas?
Não tínhamos nada, então
construímos tudo do zero. Ao longo do tempo, contratamos um executivo de
finanças, uma equipe de recursos humanos, especialistas em tecnologia da
informação e um profissional de controladoria. Essa estrutura de back office só
começou a se sustentar a partir da décima unidade. Mas eu tinha um planejamento
para isso – sabia, com base nas vendas e na lucratividade, que teria de chegar
a dez unidades para justificar a estrutura.
Como você escolhe em que marcas
irá investir?
A razão mais importante são os
números – se é possível ganhar dinheiro no restaurante e qual é a taxa de
retorno. Eu investi nessas três marcas porque têm bons números, uma boa equipe
de liderança e um plano de crescimento factível em mercados em que eu quero
empreender. E também porque eu gosto da comida. Eu e minha família comemos
nesses restaurantes, então para mim isso é um bom sinal.
Você escolhe marcas regionais ou
nacionais?
As marcas que eu escolhi até
agora são regionais. Eu empreenderia com marcas nacionais, mas ainda não
encontrei uma que fizesse sentido. Geralmente, é mais difícil entrar nas marcas
nacionais porque há menos mercados disponíveis para novos planos de expansão.
Qual é a abrangência geográfica
dos seus investimentos?
Estamos em dois estados. Até o
começo do ano passado, eu tinha 70 unidades, a maioria da McAlister’s Deli, em
sete estados. A distância entre uma loja e outra chegava a 1.600 km. Decidi
que, se estivesse em poucos estados, poderia investir em outras marcas. Então
vendi metade das lojas e comecei de novo.
Quais eram os desafios de estar
em uma área tão grande?
Do ponto de vista operacional, é
mais difícil executar o planejado e implementar a cultura da empresa. É difícil
gerenciar os restaurantes de longe, o serviço perde qualidade. As pessoas da
equipe passam muito tempo no avião, quando deveriam estar nos restaurantes
ajudando a melhorar as vendas e a construir a cultura do negócio.
Quando eu tinha seis lojas. Foi
então que eu realmente comecei a ser um gestor do negócio, um executivo, e a
passar menos tempo na operação dos restaurantes de fato. Essa mudança foi boa,
mas eu fiquei muito nervoso no começo. Estava acostumado a trabalhar com a
manutenção dos restaurantes – fazer a comida, cuidar da limpeza etc. Acalmei
quando vi que o crescimento seria muito maior se eu estivesse fora do dia a dia
das lojas.
Quais são as características de
um bom multifranqueado?
É preciso saber empoderar as
pessoas para que elas tomem decisões. Você não controla tudo. Se você tem um restaurante
e fica lá todo dia, é dono de um emprego. Mas, se você é dono de um negócio,
precisa dar poder às pessoas e deixá-las administrar o negócio para você. Dar a
elas o direcionamento e as ferramentas para fazer isso. Eu tenho hoje 1.500
empregados, então preciso trabalhar dessa forma.
O suporte que a rede dá ao
multifranqueado é diferente?
Eles dão menos suporte no nível
operacional e mais no nível estratégico. É uma conversa diferente, com menos
check list, menos listas do que estamos fazendo certo ou errado na operação, e
mais números e estratégia.
Os franqueadores procuram você
para que invistam nas marcas deles?
Sim, eu recebo telefonemas uma
vez por semana de pessoas que querem que eu abra franquias delas. É um fenômeno
interessante. Uma vez que você começa a ter sucesso, as pessoas querem que você
faça parte da marca. A maioria são coisas em que eu não tenho interesse, mas
sempre tenho ouvidos e olhos abertos para oportunidades.
E para quais você diz não?
Se a geografia não faz sentido,
se não dá para ganhar dinheiro ou se não é um restaurante onde eu comeria.
Aparecem muitas propostas como uma marca nova da costa oeste que fala “ei, abra
uma loja da nossa marca na Carolina do Norte [costa leste]”. Eu não quero fazer
isso. Não há nenhum conhecimento de marca na região e seria muito difícil
executar o projeto.
Fonte: Por Mariana Iwakura Pequenas Empresas Grandes Negócios